Nuno Júdice e metalinguagem
O MOVIMENTO DO MUNDO
se olha para o mundo; as coisas revelam-se
naquilo que imaginação alguma a supôs; e
o centro desloca-se de onde estava, desde
a origem, obrigando o pensamento a rodar
noutra direção. O poema, no entanto, não
tem obrigatoriamente de dizer tudo. A sua
essência reside no fragmento de um absoluto
que algum deus levou consigo. Olho para
esse vestígio da totalidade sem ver mais
do que isso — o desperdício da antiga
perfeição — e deixo para trás o caminho
da ideia, a ambição teológica, o sonho do
infinito. De que eternidade me esqueço,
então, no fundo da estrofe?
(Nuno Júdice em O Movimento do Mundo, 1996.)
Nuno Júdice é um premiado escritor português, e professor universitário. Tem inúmeras obras de poesia, ensaio, e teatro publicadas.
Comentários
Postar um comentário