Da escrita.
Acredito que quem faz uso da
língua nunca está terminalmente livre de uma conspiração de desejos e loucura.
Não que sonhar seja ruim, mas para um bom sonhador não basta meia palavra,
talvez baste um pensamento. Sons que ecoam pelos vasos sanguíneos, rodeiam
pelos tubos digestivos e voltam para o cérebro, onde tudo começa. Todos os
dias, aliás, hora alguma param as ideias e o rebolar dos desejos. No entanto,
acho que escrever poeticamente não basta, tampouco dizer que viu poesia. O que
basta é ser o que escrevemos, e agir como as formas poéticas que tanto falamos.
E neste emaranhado de palavras, sejamos um belo livro, talvez de poesia, ou
mesmo não sendo, sejamos o que somos, o que realmente se passa em nosso íntimo.
Quem faz uso da língua com amor e dedicação merece o mesmo. Quem transforma
ideias em ideais, não merece apenas reconhecimento. Quem faz o bom uso da
língua já ganha o prazer de eternamente existir.
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