Bergman e Bernardo Soares
(Liv Ullman no papel de Ana, no filme "A paixão de Anna", de Ingmar Bergman.)
"Nós nunca nos realizamos. Somos dois abismos, um poço fitando o Céu." (Trecho da obra "Livro do desassossego", de Bernardo Soares.)
Seres humanos, nascidos para falhar, mas ao mesmo tempo, vivendo uma incansável busca pela perfeição espiritual, no sentido de procurar estar em contato com o que é sagrado, com o sagrado. Somos dois abismos: o do poço, e o do céu. O poço, no texto, pode ser visto como a nossa própria alma, aquilo que está dentro de nós (talvez), o que somos. Céu, escrito com letra maiúscula, pode representar a própria concepção do sagrado, mais propriamente a imagem/ideia de Deus. Fitamos o céu, ou seja, somos almas em busca do sagrado. Aspiramos a perfeição de nossa alma, paradoxo constante na experiência pela busca da espiritualidade. No filme, a busca é dita como possível. Na obra de Bernardo Soares, é vista como irrealizável.
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